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Malanje vai ter o maior Instituto Superior de Agronomia de Angola.
O Presidente da República, João Lourenço, garantiu, quinta-feira, que Malanje vai ter o maior Instituto Superior de Agronomia do país, a ser construído nos próximos tempos.
O Chefe de Estado fez este anúncio quando falava à imprensa, no final da reunião com membros do Governo Provincial de Malanje, ministros de Estado e membros do Governo Central, no quadro da visita de trabalho de dois dias à província da Palanca Negra Gigante.
João Lourenço recordou que o país conta apenas com uma instituição agrónoma na província do Huambo, e, agora, vai nascer a segunda, em Malanje, Norte do país, mantendo o desejo de "caprichar no sentido de fazer-se algo de que nos possamos orgulhar nas próximas décadas”.
O Presidente da República sublinhou que falar da necessidade da aposta na agricultura sem se preocupar com a formação do homem, não é fazer bem as coisas, porque não basta apelar para que as famílias e os empresários agrícolas produzam mais se não tiverem pessoas capacitadas sobre o negócio da agricultura, de como produzir o milho, a soja, o feijão, e de como criar o gado, é preciso que estejam formados e preparados.
"Vamos manter e melhorar a Chianga, no Huambo, e vamos reabilitar o Chivinguiro, na província da Huíla, e construir aqui o novo Instituto Superior da província de Malanje”, garantiu.
Antes mesmo que o questionassem, o Presidente da República explicou as razões que fazem com que a construção do Instituto Superior de Agronomia seja em Malanje. "Malanje tem um potencial agrícola e é rodeado por outras províncias com o mesmo potencial, nomeadamente o Cuanza-Norte e o Uíge, portanto estando localizando aqui em Malanje faz todo o sentido, sem prejuízo do estabelecimento poder e dever receber candidatos das 18 províncias do país”, disse.
Em relação à Biocom, o Presidente da República disse que a empresa está a satisfazer cerca de 40 por cento das necessidades de consumo de açúcar do país, mas a meta é trabalhar para ganhar mais 20 por cento, de forma a que nos próximos anos se possa cobrir cerca de 60 por cento das necessidades de consumo do país em açúcar.
"Para isso vai ter que se fazer investimentos, quer no campo, ampliando as áreas de cultivo, quer mesmo, se calhar, na parte industrial, mas, sobretudo, na parte agrícola. Este compromisso existe por parte dos accionistas e é evidente que todo o investimento carece de recursos, mas a Banca existe para isso, portanto os investidores têm de recorrer sempre à Banca para poderem realizar os seus projectos. Acredito que a Banca estará aberta para este passo que se pretende dar”, afirmou.
João Lourenço acrescentou que para o país ser auto-suficiente na produção de açúcar, os 40 por cento que vão faltar, se calhar, justificam que outros investidores privados se interessem em investir numa unidade agro-industrial do género da Biocom, em algum ponto do país, de preferência numa província onde passa um caminho de ferro, que leve a um porto comercial, como as províncias de Benguela, Bié, Huambo e Moxico.
"Temos de pensar que depois de cobrir as necessidades internas, devemos ter a ambição, sempre, de podermos exportar”, afirmou o Presidente da República.
Projectos sociais
O Presidente da República disse que na reunião foram colocados muitos problemas que já são do domínio do Governo Central e que vão ser resolvidos. Sendo assim, anunciou que vai ser concluído o trabalho de desassoreamento do Rio Malanje, que tem cerca de 70 por cento de execução.
Sobre o Hospital de Malanje, João Lourenço disse que vai ser construído um bloco anexo, que vai compreender o Banco de Urgência, os blocos operatórios e as unidades de esterilização e de oxigénio hospitalar. Segundo o Presidente da República, isto pode começar a ser feito já, enquanto num período de dois a três anos vai ser erguido o novo hospital de Malanje.
"Está prometido e lançado a primeira pedra. O compromisso mantém-se de fazermos um hospital moderno, a exemplo do que temos vindo a fazer em outras províncias”, anunciou.
João Lourenço adiantou, ainda, que uma vez concluído, o passo a seguir é a reabilitação profunda do actual Hospital Geral, acabando a província por ficar com duas unidades hospitalares de referência, sem prejuízo de se olhar na necessidade de se investir mais em unidades de nível primário e secundário, tanto hospitais municipais e mais abaixo dos municípios, nas restantes zonas da província.
O Chefe de Estado revelou que o Executivo assume o compromisso de construir um canal de irrigação para o perímetro de Capanda. "É um canal pequeno, se comparado ao que está a ser construído no Sul de Angola. O canal do Cafu tem 165 quilómetros, os canais de Ndué e Calucuve, também no Cunene, terão mais ou menos a mesma dimensão do Cafu, talvez maiores, pelo menos em termos da área de contenção das águas das albufeiras, portanto 35 quilómetros vão satisfazer o pedido da província de Malanje. O canal vai ser feito”, garantiu o Chefe de Estado.
Habitação
No que diz respeito à habitação, o Presidente da República disse que a província vai ganhar uma nova centralidade com 2.500 fogos, com as obras a começarem no final deste ano, ou provavelmente no início do próximo ano.
"Mas as centralidades, em si, não são a solução para habitação. Não me refiro apenas a Malanje, mas a todo o país. As centralidades ajudam, podem acomodar certa franja da população, mas a solução para todos é, sem sombra de dúvidas, a autoconstrução, e nisso a responsabilidade do Estado é ceder os terrenos, de preferência infra-estruturados, para que cada um possa construir a sua própria habitação”, frisou.
O Presidente da República acrescentou que está em curso a combinação das várias soluções, sendo a da habitação social e centralidades construídas pelo Estado e a da autoconstrução individual, as cooperativas de habitação e empresários que queiram construir casas para arrendar e vender. A combinação destas várias formas é que efectivamente vai acabar por resolver os problemas habitacionais a nível do país, disse.
No que diz respeito às obras da centralidade no bairro Carreira de Tiro, na cidade de Malanje, o Chefe do Estado disse que estão na sua fase final, o que deixou de ser uma preocupação para o Governo local.
Sobre as estradas, João Lourenço reconheceu que o troço Catete-Maria Teresa- Ndalatando está em péssimas condições, mas que o ministro das Obras Públicas já anunciou publicamente que vai merecer intervenção até à capital do Cuanza-Norte.
"Temos o problema de Maria Teresa/Cacuso, estou a referir-me ao Caminho-de-Ferro de Luanda, o troço onde tem ocorrido muitos acidentes, descarrilamentos que levaram ao cancelamento de viagens de comboios de passageiros, uma vez que é importante salvaguardar a vida humana. Portanto, o troço vai ser reabilitado, já temos o empreiteiro que ganhou o concurso e a fonte de financiamento já está identificada. De princípio, temos a garantia de que a Mota Engil, a qualquer momento, vai dar início à reabilitação do troço do Caminho-de-Ferro de Luanda”, garantiu.
O Presidente da República reconheceu que a nível de Malanje alguma coisa está a ser feita, porque teve a oportunidade de à noite "dar uma volta” em parte da cidade e constatar que "estão a ser feitas boas coisas, como iluminação pública, uma ou outra rua a ser reciclada e com os recursos do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), este processo de melhoria da cidade capital de Malanje vai ter continuidade”.
Balanço das visitas
O Presidente da República realçou a importância da visita à Fazenda Lutete, na comuna de Quizenga, no município de Cacuso, e ao complexo agro-industrial da Biocom. Segundo o Chefe de Estado, esta visita surge da necessidade de se impulsionar o combate à fome e incentivar a produção de mais bens alimentares essenciais para o consumo das populações. "Portanto, fazia todo sentido começar a visita no campo, ali onde se produz a comida”, disse.
A Fazenda Lutete, na Quizenga, disse João Lourenço, funciona como uma espécie de incubadora empresarial para capacitar os jovens interessados em abraçar as actividades no campo, a começarem os seus negócios com pequenas parcelas infra-estruturadas e contribuir para o aumento da produção de bens essenciais.
"Gostamos do que vimos. Aquele projecto não tem muito tempo de existência, foi inaugurado no ano passado, é um investimento público. Alguns críticos dirão que o Estado já não tem de se meter no sector produtivo. Ou não deveria fazer, estando feito, deveria ser incluído no PROPRIV, para ser privatizado. Mas, entendemos que, para este caso concreto da Quizenga, compreendemos que não deve ser privatizado, porque já temos lá água, energia e terrenos infra-estruturados”, disse o Titular do Poder Executivo.
O Chefe de Estado visitou, ainda ontem, a feira agrícola de Malanje, onde estão expostos vários produtos cultivados em todos os municípios da província.
Fonte: Jornal de Angola - 08.09.23