Realizou-se na terça-feira, 21, em Luanda a 3ª Conferência Angola Economic Outlook, subordinada ao tema "Segurança alimentar: realidade, desafios e oportunidades", promovida pelo Ministério do Planeamento, em parceria com a Revista Economia & Mercado.
No seu discurso de abertura, o Ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano destacou as medidas adoptadas pelo Executivo para estimular a economia e promover o crescimento sustentável. Realçou a importância da segurança alimentar como prioridade nacional, enfatizando que a produção interna de alimentos é essencial para o desenvolvimento do país. O governante afirmou que Angola possui recursos e capacidades para fortalecer o setor agropecuário, incentivando a produção interna e a criação de empregos.
Já o Ministro da Agricultura e Florestas, António Francisco de Assis, destacou que apenas dois por cento (130 mil hectares) da área cultivada em Angola utiliza sistemas de irrigação, enquanto o restante depende das chuvas. Ressaltou que 90% da atividade agrícola no país é desenvolvida por famílias, envolvendo cerca de 2,4 milhões de pessoas, enquanto o setor empresarial responde por apenas 10%.
Segundo o Ministro, a produção agrícola em Angola é prejudicada pela falta de conhecimento sobre técnicas de cultivo, dependência de logística agrícola importada e dificuldades na distribuição dos produtos. Para enfrentar esses desafios, o Executivo destinou verbas para apoiar a presente campanha agrícola, focando principalmente nos pequenos agricultores e na agricultura familiar.
Wanderley Ribeiro, presidente da Associação Agropecuária de Angola, expressou preocupação com os indicadores de segurança alimentar no país, apesar de um crescimento tímido nos últimos anos. Ele defende uma redefinição institucional dos papéis da agricultura familiar e empresarial para alinhar melhor os objetivos de segurança alimentar e nutricional.
David Maciel, diretor-geral da Carrinho Agri, afirmou que o desenvolvimento da agricultura em Angola depende fortemente do conhecimento técnico e tecnológico, enfatizando a necessidade de capacitação contínua dos operadores de campo.
No setor pesqueiro, a ministra das Pescas e Recursos Marinhos, Cármen dos Santos, destacou a importância do crescimento da aquicultura para aumentar os recursos aquáticos do país. Ela mencionou que já estão sendo desenvolvidos instrumentos legais para a prática da maricultura e incentivou os empresários a investir nesse segmento.
O ministro da Indústria e Comércio, Rui Migêns de Oliveira, reforçou que a importação deve complementar a produção nacional. Ele afirmou que, conforme a lei, alguns bens com produção crescente em Angola estão a ser protegidos, e que as instituições públicas devem priorizar o mercado interno antes de recorrer ao mercado externo para bens e serviços.
A ministra das Finanças, Vera Daves, apontou como principais medidas do Executivo para proteger os rendimentos das famílias a remuneração suplementar de 30 mil kwanzas nos salários da função pública, a ampliação da isenção do Imposto de Rendimento de Trabalho (IRT) de 70 mil para 100 mil kwanzas, e a operacionalização do Fundo Nacional do Emprego, com 21 mil milhões de kwanzas.
Mais do que uma conferência, o Angola Economic Outlook é um exercício de comunicação com o país, apresentando ações e programas de forma construtiva e contributiva.
- Agroportal -
Quinta feira - 23 de Maio de 2024