Lobito - O jindungo Caombo, produzido na fazenda Cathimbumba, no município do Dombe Grande (Benguela), está a ser comprado por cidadãos da República Democrática do Congo para consumo e fornececimento a outros países,
inclusive a França, afirmou, esta segunda-feira, o seu proprietário.
Eugénio Trindade revelou o facto à ANGOP, à margem de uma visita do Fundo de Garantia e Crédito (FGC) àquela fazenda.
Segundo o fazendeiro, a procura deve-se ao facto deste tipo de jundundo servir também para a produção de medicamentos.
"Não importa a quantidade. Se forem dez toneladas, eles levam tudo", afirmou.
O produtor pediu, a título de experiência, um financiamento à sociedade de micro-credito "Kixi-Credito", no valor de dois milhões de kwanzas, com a facilitação do FGC e manifestou-se satisfeito, pela agilidade em que tramitou o processo.
Disse estar a trabalhar num terreno de cinco hectares, tendo como maior foco o milho e o feijão, com cinco toneladas por hectare.
"O período de colheita é de quatro em quatro meses. Agora vamos colher o milho que estará pronto até Maio, depois plantamos o feijão e a seguir colocamos o jinndungo", explicou.
Quanto ao escoamento dos produtos, disse que o maior transtorno é a falta de transporte próprio. "O comerciante vem buscar o produto na fazenda", afirmou.
Em relação aos mercados, disse que, além do local, os produtos são levados para Luanda, mas com maior frequencia para a RDC, tendo reduzido nos últimos meses devido ao conflito armado aquele o país vive.
"As quantidades variam de acordo com a capacidade financeira de cada um", esclareceu.
Entretanto, Eugénio Trindade revelou que tem tido alguns transtornos na produção de milho, porque trabalha com uma máquina debulhadora alugada e precisa de montar uma moagem.
"Assim, quando os congoleses não aparecerem para comprar o milho, posso produzir para a nossa população", considerou.
A fazenda Cathimbumba tem quinze trabalhadores fixos e uma média de 30 eventuais, utilizados na época da colheita.
"É também uma forma de ajudar a nossa população", afirmou.
Intervenção do FGC
Uma delegação do Fundo de Garantia e Credito, liderada pelo seu Presidente do Conselho de Administração, Luzayadio Simba, visitou hoje a fazenda Cathimbumba para obter informações sobre o seu funcionamento.
Falando à ANGOP, a directora comercial do FGC, Márcia José, explicou que o proprietário da fazenda é beneficiário de um micro-crédito, financiado pela Kixi-Credito, que é parceira do Fundo.
O FGC garante as operações todas que o Kixi-Crédito concede aos beneficiarios.
"Estamos nas operações para permitir que os custos e taxas de juros sejam mais reduzidos e atractivos para que os pequenos e micro empresários possam ter acesso ao financiamento e consigam desenvolver as suas actividades económicas", explicou.
Lembrou que o micro-crédito é legislado pelo Banco Nacional de Angola (BNA), no qual podem atingir até sete milhoes de kwanzas.
"O senhor Trindade iniciou uma relação com o Kixi-Crédito e foram ponderados os riscos associados ao próprio financiamento. Daí que beneficiou de dois milhoes de kwanzas", afirmou.
Segundo a directora, os clientes de micro-crédito são os que tão logo conseguem pagar o primeiro empréstimo têm abertura para solicitar outros.
Questionada sobre o reembolso, disse que são feitos através de prestações mensais e podem atingir até 24 meses.
"São créditos de curto prazo com taxas de juros variáveis. Olhamos para todas as sociedades de micro-crédito, daí a necessidade do instrumento de garantia pública entrar para permitir que eles reduzam as taxas de juros", esclareceu.
Deu a conhecer que o Fundo assume o risco para permitir também alguma facilidade para beneficiar o solicitante.
Em Benguela, o FGC trabalha com a Kixi-Crédito e com o Wiliete Crédito.
Fonte: Angop - 27 Janeiro de 2025