Arquivo de Notícias

Angola Lança Projecto De Óleo De Palma De 220 Milhões USD Para Reduzir Importações e Criar 3.000 Empregos

Imprimir

Angola assinou um memorando para lançar um grande projecto de produção e refinação de óleo de palma avaliado em cerca de 220 milhões USD, com início de implementação previsto para o primeiro trimestre de 2026. O consórcio reúne o angolano Grupo TEGMA-SU e o português Grupo Elevo, sob supervisão do Ministério da Agricultura e Florestas, e prevê cultivar 30.000 hectares no Cuanza-Norte, Uíge e Moxico.

Déficit Nacional e Importações

O projecto nasce como resposta directa ao défice nacional: Angola gasta dezenas de milhões em importações de óleo de palma, cerca de 29,5 milhões USD/mês em 2020, e registou importações anuais de aproximadamente 230,7 milhões USD (2021) e 112,4 milhões USD (2022). Estes valores refletem a dependência que temos de fornecedores externos.

Estrutura de Investimento

O investimento conta com capital de investidores norte-americanos, uma primeiro porção de 6,5 milhões USD, e um horizonte contratual de 45 anos. A gestão técnica será conduzida pela malaia Agrineuxs, reconhecida pela sua experiência mundial em projectos de palma.

Integração Vertical e Refinaria Refitec

O plano é vertical: produção agrícola, processamento e refinação, com foco na autossuficiência e na exportação de óleo refinado. O projecto complementa a nova refinaria Refitec (Grupo Naval), em Luanda, um investimento de 45 milhões USD com capacidade para processar 500 toneladas de crude/dia, já comprometida em adquirir matéria-prima local. Esta integração garante mercado imediato e reduz riscos.

Benefícios Esperados

As autoridades e líderes do consórcio destacaram os benefícios sociais e económicos: criação de 3.000 empregos directos, inclusão de pequenos produtores e redução da saída de divisas. António Duarte Gomes (TEGMA-SU) sublinhou a ambição exportadora; Gilberto Rodrigues (Elevo) reforçou a aposta em tecnologia e escala; e o Ministro Isaac dos Anjos enfatizou a participação comunitária.

Riscos e Desafios

Apesar do potencial, os riscos são elevados. A execução em 30.000 hectares exige forte capacidade logística e técnica. Existem ainda preocupações ambientais e sociais, como desmatamento, uso sustentável da terra e necessidade de padrões ESG rigorosos, além da exposição à concorrência de produtores asiáticos mais competitivos.

Em síntese, o consórcio TEGMA-SU / Elevo quer transformar Angola de importador crónico em produtor e potencial exportador de óleo de palma. O sucesso dependerá da execução, da sustentabilidade ambiental e da articulação com refinarias e produtores locais, um ponto de viragem decisivo para a diversificação da economia não petrolífera.

03 de Setembro de 2025

Agroportal