Trará disponível e rápido crescimento dos mercados de consumo.
Embora travado em 2020 devido à pandemia, o crescimento económico, a demografia e a urbanização galopante que estão a impulsionar o aumento e evolução das necessidades dos consumidores africanos, ao mesmo tempo que aumenta o deficit comercial e a procura em produtos agrícolas, coexistem com um potencial agrícola largamente inexplorado na África subsariana cujo sector do agronegócio oferece duas vantagens que são difíceis de encontrar em qualquer outro lugar: terra disponível e o rápido crescimento dos mercados de consumo.
A participação da agricultura na estrutura dos IED (Investimentos Estrageiros Diretos) em África é de apenas 7%, mas o apetite estava a crescer antes da pandemia. Por outro lado, empresas africanas do agronegócio começam a ter um papel mais preponderante e a operar para além das suas fronteiras, tais como a Sul-Africana Illovo Sugar e a nigeriana Dangote Sugar Refinery.
O desenvolvimento do sector também é central para a diversificação económica em vários países. Angola e a Nigéria são exemplos marcantes.
Com o retomar da economia a nível mundial em 2021 e o retorno à tranquilidade depois das eleições em alguns dos países mais promissores do continente é propício para as empresas do sector investirem na África subsariana ao longo da cadeia de valor acrescentado do agroalimentar. Senão vejamos alguns exemplos:
A Etiópia, com mais de 112 milhões de habitantes, tem o maior número de cabeças de gado em África. Nos últimos anos, a indústria de couro do país tem atraído várias empresas estrangeiras que aí instalaram fábricas.
Como um dos sectores prioritários do governo, os investidores no couro desfrutam de incentivos, incluindo isenções de direitos sobre bens de capital e materiais de construção, e de cinco anos ou mais de um período de graça sobre o imposto de renda, mão-de-obra barata e eletricidade.
Embora estes investimentos tenham levantado preocupações entre os fabricantes de calçados locais, as mesmas esvaneceram-se já que há cada vez mais empresas de calçado agora a vender localmente e a exibir com orgulho as etiquetas “Made in Etiópia”.
A Costa do Marfim, a caminho dos 30 milhões de habitantes, que é um dos maiores produtores mundiais de cacau e castanha de caju, convida os investidores estrangeiros a criar empresas agroindustriais, já que apenas 35% do seu cacau é processado no país e está à procura de investimento no sector do agronegócio, para aumentar o processamento.
No Gana, com mais de 30 milhões de habitantes, a fim de tentar promover a produção local, o governo aumentou os impostos sobre o frango importado e diminuí, em alguns casos aboliu, os direitos de importação sobre abastecimentos avícolas, incluindo os alimentos, medicamentos e outros aditivos. As infraestruturas de transportes têm melhorado muito nos últimos anos, abrindo assim ainda mais o potencial para investir no setor.
A população da Nigéria é de aproximadamente 200 milhões de pessoas e o consumo anual de aves já está na casa dos dois dígitos, e apesar dos desafios de transporte e de deficiências no processo de importação de aves os investidores devem considerar este mercado, cujas oportunidades reais estão ligadas a uma leitura atualizada e correta da situação e aos bons contactos com as conexões locais.
A Tanzânia também faz parte dos países com as melhores oportunidades no subsector avícola: população próxima dos 50 milhões e consumo anual a subir rapidamente em direção aos dois dígitos. Não é nenhuma surpresa que a Tanzânia faça parte dos países alvos da KFC e outras cadeias de restaurantes.
Sendo membro do Mercado Comum da África Oriental e austral (COMESA) a Tanzânia permite a importação de frango dos países membros. O potencial de armazenamento a frio e de exportação, assim como o comércio transfronteiriço estava a fazer da Tanzânia um país alvo para os investidores.
O investimento no agronegócio terá um” empurrão” importante a partir de 2021 com o arranque da Zona de Comércio Livre Continental Africa (ZCLCA) a partir de 1 de Janeiro.
Fonte: Mercados Africanos (28.12-2020)