Lubango – Pelo menos 30 toneladas de batata rena já foram colhidas em sete hectares na primeira produção de 15, dos 19 jovens apoiados pelo Projecto de Desenvolvimento da Agricultura Comercial (PDAC), nos municípios de Caconda, Caluquembe e Chicomba, província da Huíla.
Trata-se de um total de 19 jovens apoiados nos três municípios pelo PDAC, dos quais 16 são produtores, dois comerciantes e um transformador, que receberam, em 2023, quatro milhões de kwanzas não reembolsáveis, do projecto para dinamizar a actividade produtiva.
Dos 16 pequenos produtores, 15 cultivaram batata-rena, desde Julho de 2023, uma produção colhida nos meses de Outubro, Novembro e Dezembro, do mesmo ano. O último plantou no em finais do ano passado e prevê colher no final deste mês, em dois hectares, mais de oito toneladas do produto.
Em declarações à ANGOP hoje, segunda-feira, no Lubango, o coordenador do PDAC na Huíla, Agnelo Miguel, referiu que cada jovem que já colheu semeou a batata numa área de meio a um hectare, com uma produção de mais de quatro toneladas/hectare.
A água em excesso, resultante das chuvas intensas, disse a fonte, os produtores perderam, pelo menos, dois hectares da produção, mas ainda assim vão ganhando sustentabilidade aos poucos e como primeira produção estão satisfeitos, augurando expansão dos campos.
Para além da chuva, segundo a fonte, os jovens produtores relataram dificuldades organizacionais, uma questão que está a ser acompanhada com a prestação de assistência técnica aos produtores para solucionar tais debilidades.
“Como é a 1ª época de colheita já conseguimos notar um aumento de mais de 50% de produtividade e acesso melhor ao mercado, pois produziam usando sementes locais, com nível de produtividade baixo, mas estão actualmente a usar as sementes melhoradas”, manifestou.
Referiu tratar-se de jovens que produziam com sementes “tradicionais” menos de duas toneladas por hectare e agora estão a produzir mais de quatro/hectare, o que satisfaz, mas a ideia é continuar a aumentar.
Assinalou que ainda têm receio em aceitar a utilização de sementes melhoradas, pelo factor preço, pois a híbrida, o quilograma está a mil e 200 kwanzas, mas a tradicional, no mercado informal compram a 500, mas não dominam que a semente melhorada a probabilidade de dar certo é acima de 80%.
Ressaltou que os produtores agora estão na fase de sementeira do feijão e alguns a produzir o milho, em um hectare no máximo, para cada cultura.
Agnelo Miguel destacou que os dois comerciantes conseguiram ter uma receita bruta superior aos quatro milhões de kwanzas recebidos, sendo que um conseguiu sete milhões e outros 12 milhões de kwanzas.
“Esses agora que têm um outro nível de desenvolvimento. Eles compram os produtos do produtor e comercializam nos pequenos e grandes centros comerciais, a nível local e na província de Luanda, que tem sido o mercado principal”, elucidou.
PDAC assiste cooperativas agrícolas
Em relação às cooperativas, o responsável disse que duas estão em Caluquembe e uma em Caconda, a deste último, as áreas de cultivo variam de 15 a 20 hectares destinados à produção de feijão e de milho, usando sementes híbridas.
Frisou que as de Caluquembe receberam ao todo mais de 40 milhões de kwanzas, ao passo que a de Caconda está por receber nos próximos dias 60 milhões, a título de crédito comparticipado.
Fez saber que está em forja um pacote de financiamento direccionado à mulher, ainda o ano em curso, nos três municípios onde o projecto está implementado, para apoiar o empoderamento do género, bem como a extensão do projecto em outros municípios da província.
Agnelo Miguel apontou ter o registo de 300 manifestações de interesse, mas na sua maioria sem qualidade, pois não dispõem de documentos, com realce para os títulos de propriedade e a ilegalidade da empresa, uma questão que está-se a trabalhar com os mesmos, uma vez que o PDAC surge também para despertar os agricultores a se organizarem.
O programa visa aumentar a produtividade e melhorar o acesso desta aos mercados, contemplando as cadeias de valor seleccionadas como prioritárias, desde a do cultivo do milho, feijão, café, mandioca, soja, batata doce e rena, enquanto na pecuária, o foco está na produção de ovos e frango de corte.
O PDAC é um projecto do Ministério da Agricultura que conta com o financiamento do Banco Mundial e da Agência Francesa de Desenvolvimento, num total de 230 milhões de dólares, com a finalidade de aumentar a produtividade dos agricultores comerciais e melhorar o acesso ao mercado.
A cadeia de financiamento está dividida em duas em que a primeira vai até 150 mil dólares e a segunda de 150 mil a um milhão de dólares. Os beneficiários são agricultores individuais, produtores organizados em cooperativas e associações, empresas do agro-negócio e instituições financeiras.
A intervenção do PDAC centra-se em municípios das províncias da Huíla, de Malanje, Cuanza Norte, Cuanza Sul, Bié e Huambo. EM/MS
Fonte: Angop - 19.02.24