No dia 26 de Fevereiro de 2025, o Palácio de Ferro, em Luanda, foi palco de um encontro estratégico que sinaliza uma nova era para o sector agro-industrial angolano. A 2ª edição do AAPAbacate revelou, claramente, o potencial de Angola para se destacar num mercado global em expansão, através da produção sustentável e da exploração de novos mercados de exportação.
Sem estes a 2ª Edição do AAPAbacate não seria materializada
Organizado pela AGRIHEROES, com o apoio da AAPA, FLYING SWANS, PAÍSES BAIXOSE AIPEX, e com o patrocínio do Banco BAI e Banco BFA, o AAPAbacate reuniu diversos actores nacionais e internacionais. E esta união de sectores público e privado, firmou a força do ambiente agro-industrial, reflectida na presença de representantes de fundos soberanos, bancos, instituições de promoção agro-industrial e embaixadas de países como Holanda e Brasil. O principal objectivo foi claro: aumentar a produção de abacate, melhorar o ambiente de negócios e respevtiva cadeia de valor e mapear os mercados-chave, nomeadamente: Holanda, Estados Unidos e África do Sul.
Um dos principais factores do sucesso do AAPAbacate
A programação rigorosa. O evento iniciou-se com uma nota de boas-vindas de Zac Bard, Presidente da Organização Mundial de Abacates (WAO - World Avocado Organization). Seguiu-se a apresentação do Cluster do Abacate e intervenções relevantes por parte dos representantes do Banco BAI e Banco BFA, alternadas com momentos de “networking” que permitiram uma troca de experiências frutíferas. A mesa redonda, moderada por Armindo Teuns, Assessor Económico da Embaixada dos Países Baixos em Angola, realçou o debate sobre a produção sustentável, cadeias de valor, logística e a estratégia de expansão para novos mercados, e marcou um momento de reflexão sobre os desafios e oportunidades do sector. E por fim, o evento foi encerrado pelo Ministro Conselheiro da Embaixada dos Países Baixos, Paul Ederer, que sublinhou a importância da cooperação internacional.
Testemunhos que reforçam o impacto do AAPAbacate
Os testemunhos colhidos durante o evento traduzem a energia e a ambição que o AAPAbacate despertou.
- Paul Ederer, Ministro Conselheiro da Embaixada dos Países Baixos, referiu que “este evento marca mais um capítulo na cooperação entre Angola e o Reino dos Países Baixos e, acima de tudo, entre as classes empresariais dos respectivos estados”.
- Helena Nangolo, membro da Aprofagro, sublinhou que “o encontro permitiu visualizar uma cadeia de valor quase fechada – desde os produtores até à banca e aos compradores”. E que “o foco na exportação evidencia que temos factores únicos que, em outros países, nem sequer existem.” E, portanto, “é fundamental unir esforços e criar cooperativas para potencializar a exportação do abacate”.
- Chris Masters, Produtor do Cluster do Abacate do Huambo, por sua vez, reafirmou que “Angola tem um potencial singular para se tornar uma potência mundial na produção de abacate”. Além disso, realçou que “a união entre os diversos intervenientes é crucial para transformar o potencial em resultados concretos”. Chris reforçou sua opinião ao mencionar o provérbio africano “se quer ir rápido, vai sozinho; se quer ir longe, vai acompanhado”. Mas não é tudo.
- Dulce Oliveira, produtora do Cluster do Abacate do Huambo e oradora no evento, referiu que “esta 2ª edição evidencia uma evolução significativa em relação à primeira, com mais de sete produtores prestes a entrar em produção, abrindo caminho para a primeira colheita comercial”.
E por fim…
- Armindo Teuns, Assessor Económico da Embaixada do Reino dos Países Baixos em Angola, enfatizou que está satisfeito com a 2ª edição deste evento por ter se conseguido apresentar o Cluster do Abacate do Huambo e por se enfatizar que “temos que trabalhar em conjunto”. Armindo frisou, também, que os temas discutidos revelaram que “Angola tem um diferencial muito importante: consegue produzir quando a maior parte da concorrência não produz. Então, não estamos a competir com as grandes potências, estamos a complementar o trabalho delas”.
O Caminho que ainda temos a percorrer
Apesar do entusiasmo e das perspectivas promissoras, os intervenientes reconheceram os desafios que ainda persistem. Chris Masters enfatizou que, “sem uma actuação conjunta, Angola arrisca-se a perder a única oportunidade de causar uma boa primeira impressão no mercado global”. E que “a integração de toda a cadeia – desde os insumos até ao produto final chegar ao consumidor – é essencial para superar as barreiras e capitalizar as oportunidades”. E tem mais.
Entre os principais obstáculos, destaca-se o elevado custo logístico – que pode representar até 70% dos custos do produto final – e a necessidade urgente de infraestruturas modernas – como a Plataforma Logística da Caála e o Corredor do Lobito. Somado a isso, apenas cerca de 60% da produção de uma fazenda comercial atinge os padrões estéticos e de qualidade exigidos para o mercado europeu, o que revela a necessidade de modernizar processos e investir em capacitação técnica, referiu Chris Masters.
Conforme salientado por Paul Ederer, o estudo do Corredor do Lobito identificou desafios relacionados com centros logísticos, cadeia de frio e conformidade com normas internacionais – factores críticos para transformar o potencial em resultados concretos.
No entanto, a mensagem foi unânime: a cooperação e a união são o caminho para ultrapassar estes desafios e converter as barreiras em oportunidades de crescimento e inovação.
Implicações para o futuro do agronegócio Angolano
O AAPAbacate não só evidenciou os desafios, também abriu um leque de oportunidades que podem transformar o sector:
- Fortalecimento do Cluster: Dulce Oliveira sublinhou que a 2ª edição permitiu a consolidação do cluster do abacate, abrangendo mais de 600 hectares em sete fazendas – um feito que demonstra a evolução do sector e o aumento da capacidade produtiva.
- Crescimento e Expansão: a previsão de atingir um volume de mil toneladas anuais da variedade Hass (a mais consumida no mundo, representando aproximadamente 80% da produção global de abacate) até 2026 ilustra o compromisso e a visão de futuro partilhados por todos os intervenientes.
- Investimentos e parcerias internacionais: o AAPAbacate posiciona-se como uma plataforma estratégica para a diversificação e internacionalização da agricultura angolana. Com a participação activa de entidades financeiras e de renome internacional, o evento abre portas para investimentos que poderão acelerar a modernização do sector, incrementar a competitividade dos produtores e consolidar a imagem de Angola como uma nova origem de abacates sustentáveis e de excelência.
Um passo decisivo para a inovação
A segunda edição do AAPAbacate demonstrou que a força do sector reside na união dos seus actores. Este encontro, que combinou rigor na programação com uma representação diversificada e de alto nível, deixa clara a mensagem de que, em Angola, existem condições únicas para transformar o potencial do abacate num verdadeiro trunfo nacional.
Ao celebrar as conquistas alcançadas e delinear um roteiro ambicioso para o futuro, o AAPAbacate reafirma que a cooperação entre o sector público e privado é a chave para o sucesso e para a consolidação de Angola no cenário global, tal como foi observado na participação da Plataforma Logística da Caála numa das maiores feiras mundiais do sector de frutas, a Fruit Logistica, em Berlim, que foi co-organizada pela AIPEX – Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações de Angola e pela AgriHeroes, uma agência privada especializada em Agromarketing, com o patrocínio do Banco Keve e da ARCCLA.
Sexta feira - 28.Fevereiro.2025