O Palácio de Ferro, em Luanda, será, nos dias 28 e 29 de Outubro, palco do 2.º Festival Nacional do Café, uma iniciativa do Instituto Nacional do Café (INCA) em parceria com o Projecto MUKAFE, financiado pela União Europeia (UE) e pela Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD). Sob o lema “Café para todos, em todos os lugares”, o evento pretende celebrar e valorizar o café angolano, ao promover a cooperação internacional e a sustentabilidade da cadeia produtiva.
Abertura marcada por compromissos internacionais
A sessão de abertura contará com as intervenções do Eng.º Vasco Gonçalves, Director-Geral do INCA, e de representantes da UE/AFD, que deverão reafirmar o compromisso em modernizar a cadeia de valor do café e apoiar mais de 500 produtores familiares nas províncias do Cuanza Norte, Cuanza Sul e Uíge. O programa inclui exposições, provas de café e um workshop técnico sobre rastreabilidade, qualidade e normas ambientais internacionais, com destaque para o Projecto MUKAFE, que investe cerca de 9 milhões de euros no fortalecimento da produção e sustentabilidade do sector.
Mulheres do café em destaque
Um dos destaques deste evento é o painel “A Voz da Mulher no Café”, que reunirá agricultoras e vendedoras ambulantes para partilhar experiências sobre o impacto económico e social da actividade. Durante o evento, sete mulheres produtoras receberão insumos agrícolas como reconhecimento pelo seu contributo no fortalecimento da cultura cafeeira e pelo exemplo de resiliência e liderança feminina no sector.
Exportação no centro da estratégia nacional
No segundo dia, o festival dará destaque ao futuro do comércio externo, com o lançamento do Guia de Exportação do Café e a apresentação da futura Federação de Exportadores de Café, em parceria com o INCA, MUKAFE, AIPEX e LBC. Segundo as autoridades, o objectivo é consolidar a presença de Angola no mercado internacional, promovendo o café nacional como produto de qualidade e origem sustentável.
Produção cresce e exportações ganham impulso
Os dados mais recentes do Ministério da Agricultura e Florestas revelam que a produção nacional atingiu 12.360 toneladas em 2024, representando um crescimento de 63,7% face a 2023, e poderá alcançar 14.513 toneladas até 2027. Cerca de 78% da produção provém de agricultores familiares, demonstrando a força do sector rural. As exportações também cresceram 51% em 2024, atingindo 2.160 toneladas, principalmente destinadas a Portugal, Itália e Polónia.
Certificação e sustentabilidade como caminho para o futuro
Entre as prioridades do sector, destaca-se a aposta na certificação internacional Rainforest Alliance, que garante práticas agrícolas responsáveis, respeito ambiental e melhores condições sociais para os produtores. A implementação deste processo tem contado com o apoio estratégico da AgriHeroes, entidade que tem desempenhado um papel fundamental na promoção da certificação e na capacitação dos agricultores. Esta aposta reforça a credibilidade do café angolano nos mercados internacionais e posiciona Angola como um produtor comprometido com a sustentabilidade e a rastreabilidade exigidas pelo comércio global.
Gala de encerramento celebrará os melhores cafés de 2025
O evento culminará com a Gala de Premiação, que distinguirá os melhores cafés do ano através da entrega de certificados, estatuetas e um leilão de lotes premiados. A cerimónia deverá reforçar o reconhecimento público dos produtores nacionais e sublinhar a qualidade crescente do café angolano. O produtor José Caldeira, da Fazenda Cabuta (Cuanza Sul), afirma que o café nacional “é capaz de competir com os melhores cafés do mundo”, traduzindo o entusiasmo que envolve esta nova fase da cafeicultura.
Café angolano volta a ser símbolo económico
Com o apoio da Organização Internacional do Café (OIC) e do Banco Mundial, Angola procura reposicionar-se como um país produtor de café de excelência e sustentável. O 2.º Festival Nacional do Café pretende, assim, mais do que uma celebração: ser uma afirmação do renascimento de um sector histórico que, no auge dos anos 1970, chegou a produzir 230 mil toneladas e que hoje volta a ser pilar da diversificação económica nacional.
Fontes: INCA, MUKAFE, Ministério da Agricultura e Florestas, AIPEX, SmartQuality, FAO, Banco Mundial.
23 de Outubro de 2025


